quarta-feira, 26 de junho de 2024

Aforismo 2

 

O FRACTAL DE CONSCIENCIA PARTICULARIZADA

 

Mas como uma consciência se ‘’desprende’’ do todo?

Aqui não tenho pretensão de ser exato em termos de como um processo como esse de fato funciona, uma vez que me faltam ferramentas cognitivas que me concedam as impressões desse momento tão interessante (assim penso). Não é como descrever como um parafuso se solta de seu encaixe, mas é possível traçar um paralelo entre ambos, veja bem;

Se pensarmos que o todo, ou seja, o somatório de todas as possibilidades de todos os universos estão incrustradas em um único ponto, da mesma forma que uma máquina, mas não qualquer máquina, estamos falando da máquina das máquinas, ou seja, a resultante de todos engenhos humanos possíveis, criados e incriados, digamos que ambas concepções estejam falando da mesma coisa, o tal tinteiro, e uma consciência fractalizada se comporta como uma parafuso nessa engenhoca cósmica, e digamos que esse parafuso decida se desprender de seu local original, da mesma forma que uma consciência resolve se ‘’limitar’’ a não mais saber/participar/compreender o todo, será que o ‘’tinteiro’’ tem poder de impedir isso?

Um parafuso fora do lugar tem pouca(ou nenhuma) utilidade, assim pensamos em termos de objetos, mas uma consciência fora do seu lugar tem agora a possibilidade de vivenciar todo e qualquer experiencia que o tinteiro tem a oferecer, porém agora de maneira ‘’ignorante’’, é como se o parafuso estivesse livre pra se enroscar em qualquer máquina que estiver materializada fora da máquina das maquinas, ainda que qualquer engenho que esteja fora dessa resultante (maquina das maquinas) seja um produto que veio de lá.

Se o tinteiro, força cósmica, máquina das maquinas, resultante de todas as probabilidades, pode ou não impedir que uma consciência se ‘’desparafuse’’ do seu local original, pouco importa, o que se verifica é que todas as consciências que desejam se fractalizar assim o fazem.

Então a pergunta talvez não seja ‘’o tinteiro pode impedir isso?’’ numa tentativa mesquinha de traçar um paralelo à concepção de Deus humana como um ser onipresente, onisciente, onipotente. A pergunta correta seria ‘’Porquê o tinteiro permite?’’

A essa pergunta podemos tentar responder.

Se o ‘’tinteiro cósmico’’ tem tudo que possa existir dentro de sí, ele também possui o resultado de todas as variáveis possíveis de qualquer acontecimento que seja pensado por qualquer ser que dele tenha vindo, então ele ‘’sabe’’ o futuro de qualquer consciência que queira se fragmentar, então talvez, em termos humanos, o ‘’Tinteiro cósmico’’ seja a maior representação de livre-arbítrio democrático possível.

Mas e se uma consciência se desprende dele e se torna algo ‘’deletério’’ nos nossos padrões de moral? Ele se importa? Não. Porque além de democrático, o tinteiro é permissivo.

E assim ele é mesmo, permissivo com seus desdobramentos. Uma possibilidade interessante (assim o penso) seja que Ele se deixa fractalizar para poder tecer, dentro de suas possibilidades que flutuam em seu todo, uma lógica existencial que permita o desenrolar de algo que não seja caos informativo. Se você entendeu o que eu disse nesse parágrafo, você tem sérios problemas, como eu sei que eu tenho. De toda forma, achei uma ilustração interessante, de autor desconhecido, que transmite um pouco da ideia que quis passar aqui.



terça-feira, 25 de junho de 2024

Aforismo 1

 

 A GENESE DAS CRIAÇÕES                                                                                         

 Não houve algo que se poderia considerar ‘’o começo’’.

Nada próximo ao que a logica de hoje considera como o ‘’início de algo’’

Mas, são nessas circunstancias alienígenas à nossa lógica que a singularidade, ou seja, o ‘’início’’, começou de fato.

Pode-se dizer que Um ser começou essa faixa de realidade, ainda que sua existência seja um mistério, ou talvez seja algo tão incompreensível para as mentes dos que nessa faixa de realidade habitam que este ‘’mistério’’ jamais seria plenamente compreendido. Da mesma forma que um pintor mestre produz um quadro magnifico e sublime, o pintor é algo muito diferente de sua pintura, e sua pintura, por mais bela que seja, é limitada a tintas, cheiros, impressões, mas nada disso lhe dará senciência necessária para compreender quem o criou.

Este ‘’pintor’’, ou escultor da realidade, apesar de indiscutivelmente complexo, ainda assim respeita certas ‘’regras criativas’’, ainda que tenha plena liberdade em alterar e manipular alguns detalhes, temos que do tinteiro criativo é de onde vem sua fonte de criação, matéria, gravidade, lei do retorno e várias outras particularidades inerentes (e atualmente incompreensíveis em sua totalidade) a uma singularidade.

O artista, responsável pela faixa de realidade que tecem maravilhosamente as teias complexas dos mundos a serem vivenciados por ‘’consciências particularizadas’(que somos nós) se ausentou antes do termino de sua obra (aparentemente), as consequências disso são sentidas nos tempos de hoje, onde essas narrativas tomam forma.

Peço perdão à consciência particular que está a ler essas estranhas concepções daquilo que temos como O Arquiteto de uma realidade, em que decidimos nos manifestar enquanto consciências livres e particularizadas, mas neste primeiro momento não há bagagem cognitiva disponível em nossa realidade para descrever o ‘’inicio’’ de maneira coesa e compreensível, sou capaz de teorizar, mas não posso afirmar como verdade absoluta.

Porém, a singularidade aconteceu, e isso é inegável, estamos aqui, eu e você, e sempre que se pensa muito sobre isso as coisas começam a ficar meio confusas, a existência e a noção de se ver existindo enquanto consciência presa a um corpo de carne começa a se tornar doloroso e confuso, por vezes agonizante, mas felizmente achamos no caos uma maneira de nos organizamos, uma maneira de vivenciarmos experiencias, de conceber as maiores alegrias possíveis ou descer ao mais baixo abismo mental de dor e sofrimento que um ser conseguiria experimentar.

Mas o que existia antes dessa singularidade? O que nossas consciências pensavam antes de se tornarem particularizadas, ou seja, minimamente únicas? Estávamos todos em um mesmo lugar? Pouco se sabe, ou mesmo ‘’poucos sabem’’, tentarei com as analogias que a nossas consciências compreendem expor uma hipótese.

  A HIPOTESE DO TINTEIRO    

 Não parece correto determinar que nossas consciências tenham vindo de ‘’algum lugar’’ mas sim de ‘’alguma coisa’’, e essa coisa seria uma resultante de tudo que existiu, existe e existirá.

Imaginemos que todas as possibilidades, concebidas por mentes particularizadas ou não, estejam todas concentradas em um ''Tinteiro’’, imaginemos que o liquido desse tinteiro contem todos os universos possíveis, o tinteiro é o todo, olhe a sua volta, tudo aquilo que seus olhos observam como coisas ‘’reais’’ ou mesmo possibilidade de se tornarem ‘’coisas reais’’ já PRE existiam dentro desse tinteiro, e estava (ou está) lá dentro.

Mas e nossas consciências particularizadas? O que é isso?

 Assumindo que tudo que se pode vir a existir já está dentro de um ‘’Tinteiro’’, nossas consciências, ou seja, quando você se olha no espelho e vê seu reflexo, isso também estava no tinteiro, todas as células que formam seu corpo estavam lá, como possibilidades, incluindo o seu ‘’EU’’. Por tanto, todas as consciências que vagam pelas criações são na verdade Fractais de um todo, ou seja, uma parcela de tudo que existe.

Esse Fractal, como já estava dentro do tinteiro (o todo) nada tem a congregar, uma vez que ele está no todo ele sabe o todo, ele sente o todo, ele não precisa descobrir nada, tudo está em sua volta na mais tranquila harmonia, mas quando ele se ‘’desprende’’ desse todo e se assume como ‘’um ser’’, ele se desconecta com tudo o que existe, e passa a experimentar a existência de maneira limitada, uma vez que ‘’perdeu’’ a conexão com tudo que existia, existe e existirá.

Essa consciência fractalizada do todo pode agora ‘’experimentar’’ (talvez novamente) todas as possibilidades que estão disponíveis a serem ‘’descobertas’’ dentro do tinteiro.

É como se um livro escrito decidisse se apagar por inteiro somente para ser escrito novamente, por conta própria, onde sua limitação seria a quantidade de palavras que suas paginas comportam, e essas palavras estão disponíveis no tinteiro.

Mas isso é apenas a primeira etapa de um desdobramento muito mais complexo que tem como resultante as realidades de que nos experimentamos.

  SE O TODO É O TINTEIRO, QUEM É O PINCEL?


Todas as consciências que se fractalizaram da fonte (o tinteiro) são, de certo modo, Pincéis. Por tanto, dentro da nossa analogia do tinteiro, um ser que antes estava em harmonia com o todo (sabia de tudo) decide se fractalizar até um estágio básico de consciência, onde houve limitação no seu entendimento e compreensão (deixou de saber as possibilidades) e ele agora atua como coautor da obra cósmica que se desenrola no ato de escrever a realidade usando como fonte a tinta do tinteiro.

Por tanto, podemos conceber que o Um ser que primeiro elaborou e arquitetou a faixa de realidade que vivemos, que é baseada em átomos, gravidade e mais uma série de leis, foi um desses pincéis que desenharam a singularidade que vivemos. Esse ser é o único? NÃO. Ele é apenas o responsável por, utilizando da analogia do tinteiro, organizar as informações que lá estavam contidas de maneira que algo se formou, e esse algo nos chamamos de ‘’Universo’’, o nosso universo. Basicamente, essa é a gênese de toda e qualquer criação possível.

Vários ‘’Pincéis’’ estão criando e redescobrindo seus universos, porém, apenas este em que estamos inseridos possui níveis de complexidade nunca antes vistos em nenhuma outra criação, e ao mesmo tempo que essa informação seja promissora, é também aterrorizante, pois, você que está lendo por acaso ousa inferir qual será o resultado disso aqui no fim?

O arquiteto que organizou as peças que formam nossa realidade não congrega com sua obra, é indiferente a ela, por tanto, talvez você se pergunte, ‘’E nós? Não somos também Pincéis?’’

Sim e não. Somos também fractais desse todo, mas da mesma forma que um artista cativa seu publico com uma bela canção num púlpito, o que seria desse menestrel sem a plateia?

Assumindo que o organizador desse universo seja um menestrel, nós somos seu público, somos consciências particularizadas do todo, completamente ignorantes do TODO que sabíamos, e aqui estamos experimentando (ou reexperimentando) sensações e emoções, alegrias e tristezas, criando e destruindo, manufaturando artefatos magníficos que tanto nos edificam como nos aniquilam.

 MAS POR QUAL MOTIVO?

 Talvez nunca vamos responder essa pergunta de maneira satisfatória, existem teorias que indicam que consciências conseguem se sofisticar, no decorrer de múltiplas existências (reencarnação), ao ponto de também terem o direito de se ‘’tornarem pincéis’’ na conjuntura do universo, e a partir de suas experiencias particulares, desenvolverem suas próprias faixas de realidades, onde novos universos serão criados e explorados.

Mas por quê disso? Qual a finalidade?

Não há resposta. Nunca haverá.

Não uma resposta lógica, do tipo, ‘’eu estou amarrando as cordas da minha bota para que ela fique firme aos meus pés’’, não é assim que justificaríamos a existência, basta continuar seguinte o argumento;

  ‘’Somos separados do todo, nos tornando simples e ignorantes e completamente alheios ao todo que já tínhamos a nossa disposição num momento anterior à separação, depois disso nós agregamos nossas consciências particularizadas em constructos (corpos) que podem assumir as mais variadas formas (dependendo das estruturas químicas disponíveis) para vivenciar sensações criadas em faixas de realidades propostas por outros seres que também se separaram do todo e, através dessas sensações vamos encorpando e sofisticando nossa consciência particularizada para depois sermos então capazes de, através da nossa própria vontade (a chamada Kundalini, energia que permeia os chakras), criamos nossas próprias faixas de realidade para que outras consciências possam passar pelo mesmo processo de maturação existencial que um dia nós fomos submetidos’’

E depois disso vem o que? Voltaremos para a fonte de onde estávamos originalmente? Onde sabíamos de tudo, sentíamos tudo e não havia novidade alguma em nosso ‘’dia a dia’’? Ou existe um propósito maior incompreensível para o nosso atual estágio?

Não há nenhuma resposta satisfatória até o momento.

Muitos dizem que somos amados por seres de infinita grandeza, uns dizem que somos amparados pelo alto, mas o que se verifica de fato é que, diante das vicissitudes da vida a perspectiva de que estamos sozinhos, soltos num parque de diversões cósmico se parece a menos presunçosa (porém completamente aterrorizante) do que a crença de que existem seres que são responsáveis pelo nosso crescimento enquanto consciência particular.

Ou então, devemos assumir que o criador desse universo tem predileção pelas criaturas que aqui habitam, pois nós, no calor e conforto dos nossos lares, somos poupados do sofrimento que QUALQUER outro ser não civilizado está submetido.

Isso é amor?

Podemos torpemente crer que um pai que caça um veado para alimentar sua família está fazendo um bom trabalho como provedor, seus semelhantes não morrerão de fome. Mas e quanto a presa? Se um caçador não tomar o devido cuidado (e isso raramente é observado, uma vez que a caça é o recurso dos famintos) ele pode acabar abatendo um veado que tem prole, e se essa prole ainda estiver no espectro de fragilidade existencial (que é inerente em todos os seres que passam pelo processo de nascimento) e toda a ninhada morrer, seja por outros predadores, seja por outra circunstancia, não vemos a mão do arquiteto interferindo, nem como justo nem como algoz.

É certo dizer que o criador foi justo? Foi imparcial? Não, para ser justo, ambos os seres deveriam gozar de igualdade existencial o que não é observado, sua imparcialidade é questionável, uma vez que nunca se viu esse ser (o criador) atuar de maneira direta em sua criação. Podemos presumir que Ele não se importa com o sofrimento de veados, mas se extrapolarmos o exemplo da caça para todas as pelejas que todos os seres vivos passam no decorrer de suas existências, não vemos a mão acalentadora desse Ser em nenhum lugar. Homens de fé presumem ser uma mão invisível, que age nas sombras. Ora, mais injusto ainda, como crer que tal ser que claramente tem predileção por alguns poucos escolhidos, e os ajudam na surdina, debaixo dos panos, e diante dos outros ultrages existenciais, tais como, ser comido, despido, vilipendiado, digerido, Ele pouco se importa e nada faz em auxilio. E ainda por cima conviver com a incerteza de que ele pode ou não te ajudar.

É um pensamento indigno confiar a graça e o sagrado a um ser que não se faz presente, é indigno dar a esse ser o sentido de nossas vidas, é como se alguém certo dia dissesse ‘’Eu vivo por esse pedaço de papel velho, rabiscado e ilegível’’, e sim, O arquiteto tem a mesma importância que um papel velho, rabiscado e ilegível, pois ele é mais antigo que todos nós e é incompreensível e caótico(quando o observamos na condição de Suas criaturas).

UM SER

O ‘’Pincel’’ responsável por essa realidade não quer nossa vassalagem, num sentido amplo, que diferença faz para você se os feijões que você cozinha lhe consideram um Deus todo poderoso, nenhuma. Da mesma forma, o ser que usou a tinta criadora para tecer toda essa complexidade a nossa frente, pouco se importa com a nossa saciedade ou nosso estado de espirito, somos apenas consequências de sua vontade de criar e ele apenas o fez porque ele podia faze-lo (creio que tudo que foi, é e será criado, por mais que inventemos várias necessidades, basicamente criamos pelo simples fato de que é possível criar ‘’algo’’ , qualquer função que damos às nossas criações, antes de criar ou postumamente, geralmente são versáteis e variáveis, mas no fim das contas, não conseguimos criar algo que é incriável, não conseguimos conceber uma cor que não existe, e por aí vai.), cabe a nós, as criaturas que aqui congregam, dar sentido e seguimento à realidade em que estamos inseridos.

Não se deve adjetivar com nossa pretensa moral as qualidade ou defeitos desse Ser, tampouco se preocupar se estamos lhe agradando ou lhe ofendendo, uma vez que esse ser ou é alheio a própria criação ou participa dela como um mero espectador, sem sentimentos, sem desejos, desprovido de tudo que daqui, na nossa pequenez existencial, damos muita importância.

Mas então como se portar diante Dele? O que pensar sobre Ele? Que diferença Ele faz?

Indiferença, nada, nenhuma.

Pois se não fosse em sua criação, nossas consciências certamente se manifestariam em outras criações, inimagináveis, inconcebíveis, uma vez que estamos presos a essa faixa de realidade (momentaneamente). Portanto estaríamos a vivenciar as mais diversificadas aventuras cósmicas possíveis, podemos inferir que essa é uma perspectiva futura bem plausível, inclusive.

Não se pode afirmar, voltando a hipótese do tinteiro, quantas consciências particularizadas são capazes de tecer realidades, quantas são capazes de apenas vivencia-las, não se pode dizer nem que existe apenas um tinteiro, podem ser infinitos, apenas um, não estamos prontos para afirmar nenhuma dessas possibilidades, não com o constructo de carne que nossas consciências animam. O único argumento factual que temos em mãos é;

‘’Existimos, nos organizamos e morremos.’’

O resto é especulação, a própria continuação da consciência (agora encarnada) é uma possibilidade, talvez o nosso ‘’verdadeiro eu’’ seja tão destoante da realidade em que estamos inseridos que a perspectiva de FIM seja um fato, sua consciência habita um corpo de carne que se comporta de tal maneira, quando da sua morte essa mesma consciência se liberta das travas que foi imposta pela carne e se descobre algo completamente diferente daquilo que foi forçado a experimentar, e diante disso, morrer talvez seja mesmo o FIM, o SEU FIM, não o fim da sua consciência particularizada que permeia o cosmos sabe-se lá ha quanto tempo, sabe-se lá por quanto tempo, sabe-se lá por quantas vezes ela já fez isso (existe a possibilidade de universos cíclicos).